Gestão de conhecimentos X competências – diferentes e complementares

A ISO (Organização Internacional de Normalização) criou uma norma específica para “apoiar as organizações no desenvolvimento de um sistema de gestão que promova e permita efetivamente a criação de valor através do conhecimento organizacional”. A ISO 30401 é a primeira norma global sobre este tipo de sistema de gestão, assunto que julgamos ser de extrema importância.
Lembramos ainda que conhecimento é tratado na cláusula 7.1.6 da ISO 9001 como um recurso. Normas baseadas na ISO 9001, caso da IATF 16949, seguem da mesma forma.

Na sua introdução, a ISO 30401 esclarece quais são os objetivos da gestão do conhecimento e faz o alerta de que ela é constantemente confundida com outros assuntos, como a gestão da informação e a gestão da competência. Segundo ela, “a gestão do conhecimento é uma disciplina sobre como as organizações criam e usam os conhecimentos”.

Entre os muitos equívocos comuns podemos citar as organizações que acham que estão fazendo gestão do conhecimento ao apresentarem processos de gestão ou gerenciamento de competências.
São focos bem diferentes. A gestão de competências foca as pessoas. Elas devem ser competentes para que se diminua o risco de falhas pessoais que afetem os resultados pretendidos.
Ao contrário, o foco da gestão do conhecimento está na organização e seus processos. A organização deveria assegurar que o conhecimento organizacional esteja sempre disponível de forma adequada, de forma que os processos não falhem e, por consequência, os resultados esperados não sejam atingidos.

Cada organização deveria “elaborar uma abordagem da gestão do conhecimento, com relação ao seu próprio negócio e ambiente operacional, refletindo suas necessidades específicas e os resultados desejados”.

Todos sabemos que um processo pode ser definido como um conjunto de atividades inter-relacionadas e que produzem valor. Isso só é possível quando aplicamos conhecimentos a essas atividades. E é exatamente por isso que o conhecimento organizacional está se tornando um diferencial fundamental para a eficácia e competitividade das organizações.
“Nesse contexto, o conhecimento se torna um ativo essencial para as organizações. O conhecimento é especialmente importante em muitas áreas: permite a tomada de decisões efetivas, apoia a eficiência dos processos e contribui para o seu aprimoramento, cria resiliência e adaptabilidade, cria vantagem competitiva e pode até se tornar um produto por si só”.

A grande dificuldade está no fato do conhecimento ser um ativo intangível, mas que precisa ser gerenciado como qualquer outro ativo. Segundo a ISO 30401, “ele precisa ser desenvolvido, consolidado, retido, compartilhado, adaptado e aplicado para que os trabalhadores possam tomar decisões eficazes e realizar ações alinhadas, resolvendo problemas com base na experiência do passado e em novas percepções para o futuro”.

Portanto, a gestão do conhecimento nas organizações deveria adotar uma abordagem sistêmica e baseada no gerenciamento de riscos para criar valor para a organização.
Ainda segundo a norma citada, “a gestão do conhecimento apoia processos e estratégias de desenvolvimento existentes. Como tal, ele precisa ser integrado a outras funções organizacionais”. Uma área de Recursos Humanos que passa a gerir conhecimentos aproxima-se da gestão estratégica e ganha ainda mais importância no contexto organizacional.